sexta-feira, 12 de setembro de 2014



EDUCAR
UM ATO PROIBIDO




“As escolas são espaços de tédio e aborrecimento” nas palavras do Neuro-Pedagogo colombiano Carlos Alberto Jiménez Vélez, assim se definem não apenas o espaço escolar, mas o próprio ato de ensinar ou melhor seria dizer “instruir”. 
E é sobre a diferença dessas duas ações que o filme-documentário La educación prohibida (A Educação Proibida, titulo brasileiro) 2012, nos leva a refletir, tanto sobre o sistema educacional como acerca da nossa própria prática docente.





A Educação Proibida (La Educación Prohibida)
Duração: 143min
Direção: Germán Doin 
Produção: Verónica Guzzo





Assistam, Reflitam e logo em seguida Comentem!








quinta-feira, 11 de setembro de 2014



PLANEJAR
O caminho para a boa aula
Os Dez Mandamentos

Siga estes princípios e acerte.






1.      ESQUEÇA A BUROCRACIA

Acabou a ideia de que planejar é ir a reuniões chatas em que o professor se sente como um carimbador de papéis. “Antes, o plano vinha pronto, em pacotes”, comenta Regina Scarpo, formadora de professores há dez anos. “Hoje, quem leciona tem espaço para criar”.



2.      CONHEÇA BEM DE PERTO O SEU ALUNO

Para planejar, é preciso conhecer as condições e os interesses dos estudantes. “Pergunte-se sempre: ‘O que meu aluno deve e pode aprender?”, indica Marcos Lorieri, professor da PUC de São Paulo.



3.      TUDO OUTRA VEZ (E MAIS OUTRA)

O plano de ensino é um documento pronto, que serve de base para o planejamento. Já o planejamento é um processo. Ele deve ser sempre alterado, de acordo com as necessidades da turma.


4.      ESTUDE MUITO PARA ENSINAR BEM

“Uma pessoa só pode ensinar aquilo que sabe”, sentencia Marcos Lorieri. Por isso, veja se você conhece bem os assuntos de que trata. Claro que também é preciso saber como ensinar.



5.      COLOQUE-SE NO LUGAR DO ESTUDANTE

Quando pensar numa aula, tente se colocar no lugar do estudante. Você deve saber se os temas trabalhados em sala são importantes do ponto de vista do aluno.



6.      DEFINA O QUE É MAIS IMPORTANTE

“Dificilmente será possível trabalhar todos os conteúdos com toda a turma”, afirma Lorieri. Os critérios para estabelecer o que é mais importante ensinar devem ser fundamentados nas necessidades e nas dificuldades dos alunos.
  


7.      PESQUISE EM VÁRIAS FONTES

Toda aula requer material de apoio. Reserve tempo para pesquisar. Busque informações em livros, jornais, revistas, discos, na internet ou em qualquer fonte ligada a seu plano de trabalho, sem preconceitos.



8.      USE DIFERENTES MÉTODOS DE TRABALHO

O professor deve aplicar diferentes métodos, como aulas expositivas, atividades em grupo e pesquisas de campo. “Combinar várias formas de trabalho é a essência da arte de ensinar”, define Marcos Lorieri.



9.      CONVERSE E PEÇA AJUDA

Seu coordenador precisa ajudar você a planejar. Ele deve contribuir para que seu trabalho seja coerente com o projeto pedagógico da escola. Conversar com os colegas também é útil. Aproveite as reuniões.



10.  ESCREVA, ESCREVA, ESCREVA.

Uma boa idéia para analisar o que está ou não está dando certo em seu trabalho é comprar um caderno e anotar, no fim do dia, tudo o que você fez em classe, suas dúvidas e seus planos. Esse é um modo prático de atualizar o planejamento.



Disponível em: http://www.construirnoticias.com.br/asp/materia.asp?id=335



A Escola dos meus Sonhos

Frei Betto



Na escola dos meus sonhos, os alunos aprendem a cozinhar, costurar, consertar eletrodomésticos, a fazer pequenos reparos de eletricidade e de instalações hidráulicas, a conhecer mecânica de automóvel e de geladeira e algo de construção civil. Trabalham em horta, marcenaria e oficinas de escultura, desenho, pintura e música. Cantam no coro e tocam na orquestra. Uma semana ao ano integram-se, na cidade, ao trabalho de lixeiros, enfermeiras, carteiros, guardas de trânsito, policiais, repórteres, feirantes e cozinheiros profissionais. Assim aprendem como a cidade se articula por baixo, mergulhando em suas conexões que, à superfície, nos asseguram limpeza urbana, socorro de saúde, segurança, informação e alimentação.
Não há temas tabus. Todas as situações-limite da vida são tratadas com abertura e profundidade: dor, perda, falência, parto, morte, enfermidade, sexualidade e espiritualidade. Ali os alunos aprendem o texto dentro do contexto: a Matemática busca exemplos na corrupção dos precatórios e nos leilões das privatizações; o Português, na fala dos apresentadores de TV e nos textos de jornais; a Geografia, nos suplementos de turismo e nos conflitos internacionais; a Física, nas corridas de Fórmula-1 e nas pesquisas do supertelescópio Huble; a Química, na qualidade dos cosméticos e na culinária; a História, na violência de policiais contra cidadãos, para mostrar os antecedentes na relação colonizadores - índios, senhores - escravos, Exército - Canudos, etc.
Na escola dos meus sonhos, a interdisciplinaridade permite que os professores de Biologia e de Educação Física se complemente; a multidisciplinaridade faz com que a História do livro seja estudada a partir da análise de textos bíblicos; a transdisciplinaridade introduz aulas de meditação e dança e associa a história da arte à história das ideologias e das expressões litúrgicas. Se a escola for laica, o ensino religioso é plural: o rabino fala do judaísmo, o pai-de-santo, do candomblé; o padre, do catolicismo; o médium, do espiritismo; o pastor, do protestantismo; o guru, do budismo, etc. Se for católica, há periódicos retiros espirituais e adequação do currículo ao calendário litúrgico da Igreja. Na escola dos meus sonhos, os professores são obrigados a fazer periódicos treinamentos e cursos de capacitação e só são admitidos se, além da competência, comungam os princípios fundamentais da proposta pedagógica e didática. Porque é uma escola com ideologia, visão de mundo e perfil definido do que sejam democracia e cidadania. Essa escola não forma consumidores, mas cidadãos.
Ela não briga com a TV, mas leva-a para a sala de aula: são exibidos vídeos de anúncios e programas e, em seguida, analisados criticamente. A publicidade do iogurte é debatida; o produto adquirido; sua química, analisada e comparada com a fórmula declarada pelo fabricante; as incompatibilidades denunciadas, bem como os fatores porventura nocivos à saúde. O programa de auditório de domingo é destrinchado: a proposta de vida subjacente, a visão de felicidade, a relação animador-platéia, os tabus e preconceitos reforçados, etc. Em suma, não se fecham os olhos à realidade, muda-se a ótica de encará-la. Há uma integração entre escola, família e sociedade. A Política, com P maiúsculo, é disciplina obrigatória. As eleições para o grêmio ou diretório estudantil são levadas a sério e, um mês por ano, setores não vitais da instituição são administrados pelos próprios alunos. Os políticos e candidatos são convidados para debates e seus discursos analisados e comparados às suas práticas.
Não há provas baseadas no prodígio da memória nem na sorte da múltipla escolha. Como fazia meu velho mestre Geraldo França de Lima, professor de História (hoje romancista e membro da Academia Brasileira de Letras), no dia da prova sobre a Independência do Brasil, os alunos traziam para a classe a bibliografia pertinente e, dadas as questões, consultavam os textos, aprendendo a pesquisar. Não há coincidência entre o calendário gregoriano e o curricular. João pode cursar a 5ª série em seis meses ou em seis anos, dependendo de sua disponibilidade, aptidão e seus recursos. É mais importante educar do que instruir; formar pessoas que profissionais; ensinar a mudar o mundo que ascender à elite. Dentro de uma concepção holística, ali a ecologia vai do meio ambiente aos cuidados com nossa unidade corpo-espírito e o enfoque curricular estabelece conexões com o noticiário da mídia.
Na escola dos meus sonhos, os professores são bem pagos e não precisam pular de colégio em colégio para se poderem manter. Pois é a escola de uma sociedade em que educação não é privilégio, mas direito universal, e o acesso a ela, dever obrigatório.

Frei Betto é escritor, autor do romance "O Vencedor" (Ática), entre outros livros.